São Paulo, 6 de maio de 2022 Nota à Imprensa
Em abril, o valor do conjunto dos alimentos básicos aumentou em todas as capitais
onde o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos)
realiza mensalmente a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos. Entre março e abril,
as altas mais expressivas ocorreram em Campo Grande (6,42%), Porto Alegre (6,34%),
Florianópolis (5,71%), São Paulo (5,62%), Curitiba (5,37%), Brasília (5,24%) e Aracaju
(5,04%). A menor variação foi observada em João Pessoa (1,03%).
São Paulo foi a capital onde o conjunto dos alimentos básicos apresentou o maior
custo (R$ 803,99), seguida por Florianópolis (R$ 788,00), Porto Alegre (R$ 780,86) e Rio
de Janeiro (R$ 768,42). Nas cidades do Norte e Nordeste, onde a composição da cesta é
diferente das demais capitais, os menores valores médios foram registrados em Aracaju (R$
551,47) e João Pessoa (R$ 573,70).
A comparação do valor da cesta em 12 meses, ou seja, entre abril de 2022 e abril de
2021, mostrou que todas as capitais tiveram alta de preço, com variações que oscilaram entre
17,07%, em João Pessoa, e 29,93%, em Campo Grande.
Com base na cesta mais cara, que, em abril, foi a de São Paulo, e levando em
consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser
suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação,
moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o DIEESE
estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário. Em abril de 2022, o salário
mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria equivaler a
R$ 6.754,33, ou 5,57 vezes o mínimo de R$ 1.212,00. Em março, o valor necessário era de
R$ 6.394,76, ou 5,28 vezes o piso mínimo. Em abril de 2021, o valor do mínimo necessário
deveria ter sido de R$ 5.330,69, ou 4,85 vezes o mínimo vigente na época, de R$ 1.100,00.

Cesta x salário mínimo
Em abril de 2022, o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica
foi de 124 horas e 08 minutos, maior do que o registrado em março, de 119 horas e 11
minutos. Também é superior ao observado em abril de 2021, quando a jornada necessária
ficou em 110 horas e 38 minutos.
Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o
desconto de 7,5% referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado
pelo piso nacional comprometeu em média, em abril de 2022, 61,00% do rendimento para
adquirir os produtos da cesta, mais do que em março, quando o percentual foi de 58,57%.
Em abril de 2021, quando o salário mínimo era de R$ 1.100,00, o percentual ficou em
54,36%.
Comportamento dos preços dos produtos da cesta1
• O óleo de soja registrou aumento em todas as capitais, entre março e abril. As
variações oscilaram entre 0,50%, em Vitória, e 11,34%, em Brasília. Os altos preços
internacionais e a elevada demanda externa pelo produto pressionaram as cotações
no varejo.
• O preço do quilo do pão francês subiu em todas as cidades, entre março e abril.
Houve redução da oferta de trigo no mercado externo, por causa do conflito entre a
Rússia e a Ucrânia, e, internamente, a valorização do dólar em relação ao real fez com
que o produto importado chegasse mais caro ao país. As altas mais expressivas foram
observadas em Campo Grande (11,37%), Aracaju (9,70%) e Porto Alegre (7,07%).
Também a farinha de trigo, coletada na região Centro-Sul, apresentou elevações
significativas em quase todas as capitais, com destaque para as taxas de Belo
Horizonte (11,08%), Porto Alegre (10,07%) e Brasília (9,54%).
• O leite integral registrou aumento de preços em 17 cidades, em abril. As maiores
elevações ocorreram em Florianópolis (15,57%), Curitiba (14,15%), Porto Alegre
(13,46%) e Aracaju (11,31%). A manteiga também apresentou alta em todas as
capitais, em abril, com elevações que variaram entre 0,61%, em Fortaleza, e 6,92%,
em Curitiba. A menor oferta no campo, decorrente dos altos custos de produção –
medicamentos, adubos, milho, soja e combustíveis – e a disputa das indústrias de
laticínios pela matéria-prima elevaram o valor dos derivados lácteos no varejo.
• A batata, coletada na região Centro-Sul, apresentou aumento em todas as capitais,
com taxas entre 14,63%, em Porto Alegre, e 39,10%, em Campo Grande. As chuvas
e a alta da demanda na Semana Santa provocaram redução na oferta, o que elevou o
preço no varejo.
• O valor médio da farinha de mandioca, pesquisada no Norte e no Nordeste, subiu
em quase todas as cidades. As maiores variações foram registradas em Natal (7,76%)
1 Fontes de consulta: Cepea – Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – ESALQ/USP, Unifeijão,Conab – Companhia Nacional de Abastecimento, Embrapa, Agrolink, Globo Rural, artigos diversos em jornais e revistas. e Fortaleza (3,73%). A única queda ocorreu em João Pessoa (-1,57%). Com menor oferta da raiz e maior demanda das processadoras, o valor apresentou alta no varejo.
• O preço médio do arroz agulhinha aumentou em 16 capitais. As altas oscilaram entre
0,17%, em João Pessoa, e 10,24%, em Curitiba. A retração foi registrada em Campo
Grande (-2,70%). Mesmo com o avanço da colheita em abril e a oferta maior, os
preços no varejo seguiram a tendência de valorização da cotação internacional do
grão.
• O preço do quilo do café em pó subiu em 16 capitais, exceto em Vitória (-2,73%).
Os principais aumentos ocorreram em Aracaju (7,58%), Florianópolis (4,67%), Belo
Horizonte (3,74%) e Fortaleza (3,74%). A valorização do dólar diante do real e a alta
dos preços internacionais explicaram a elevação no varejo.
• O preço do feijão aumentou em 15 capitais. O tipo carioquinha teve alta em todas as
capitais onde é pesquisado: no Norte, Nordeste, Centro-Oeste, em Belo Horizonte e
São Paulo. As taxas variaram entre 3,86%, em João Pessoa, e 11,89%, em Belém. Já
o preço do feijão preto, pesquisado nas capitais do Sul, em Vitória e no Rio de Janeiro,
diminuiu em Vitória (-2,68%) e Florianópolis (-2,20%) e subiu em Porto Alegre
(2,51%), Curitiba (2,44%) e Rio de Janeiro (0,57%). A menor oferta do grão
carioquinha é um dos motivos da alta no varejo.
São Paulo
Em abril de 2022, a cesta básica de São Paulo apresentou alta de 5,62% em relação a
março. Foi a mais cara entre as capitais pesquisadas e atingiu o valor de R$ 803,99. Em
comparação com abril de 2021, a cesta acumulou elevação de 27,09%. Na variação
acumulada ao longo do ano, o aumento foi de 16,43%.
Em abril, entre os 13 produtos que compõem a cesta básica, 12 tiveram aumento nos
preços médios na comparação com março: batata (24,15%), tomate (16,09%), leite integral
(9,21%), óleo de soja (8,29%), feijão carioquinha (7,43%), farinha de trigo (5,78%), arroz
agulhinha (4,43%), café em pó (2,52%), pão francês (2,39%), carne bovina de primeira
(2,23%), manteiga (1,04%), açúcar refinado (0,71%). Somente a banana apresentou taxa
negativa (-0,65%).
No acumulado dos últimos 12 meses, também foram registradas elevações em 12 dos
13 produtos da cesta: tomate (125,26%), batata (78,62%), café em pó (74,08%), açúcar
refinado (44,26%), óleo de soja (31,82%), manteiga (23,09%), farinha de trigo (20,12%),
leite integral (19,83%), banana (16,35%), pão francês (15,86%), feijão carioquinha (13,69%)
e carne bovina de primeira (9,69%). Apenas o arroz agulhinha acumulou taxa negativa
(-10,09%).
Em abril, o trabalhador de São Paulo, remunerado pelo salário mínimo de R$
1.212,00, precisou trabalhar 145 horas e 56 minutos para adquirir a cesta básica. Em março
de 2022, o tempo de trabalho necessário foi de 138 horas e 10 minutos, e, em abril de 2021,
de 126 horas e 31minutos.
Considerando o salário mínimo líquido, em abril de 2022, após o desconto de 7,5%
da Previdência Social, o trabalhador precisou comprometer 71,71% da remuneração para
adquirir os produtos de uma cesta básica, suficiente para alimentar um adulto durante um
mês. Em março de 2022, o percentual foi de 67,90% e, em abril de 2021, ficou em 62,17%