DIEESE, 07 de dezembro de 2021
O custo médio da cesta básica de alimentos aumentou em nove cidades, de acordo com a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, realizada mensalmente pelo DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) em 17 capitais. As maiores altas foram registradas nas cidades do Norte e do Nordeste: Recife (8,13%), Salvador (3,76%), João Pessoa (3,62%), Natal (3,25%), Fortaleza (2,91%), Belém (2,27%) e Aracaju (1,96%). Florianópolis (1,40%) e Goiânia (1,33%) também apresentaram elevação no custo médio. As reduções mais importantes ocorreram em Brasília (-1,88%), Campo Grande (-1,26%) e no Rio de Janeiro (-1,22%).
A cesta mais cara foi a de Florianópolis (R$ 710,53), seguida pelas de São Paulo (R$ 692,27), Porto Alegre (R$ 685,32), Vitória (R$ 668,17) e Rio de Janeiro (R$ 665,60). Entre as capitais do Norte e Nordeste, onde a composição da cesta tem algumas diferenças em relação às demais cidades, Aracaju (R$ 473,26), Salvador (R$ 505,94) e João Pessoa (R$ 508,91) registraram os menores custos.
Ao comparar novembro de 2020 e novembro de 2021, o preço do conjunto de alimentos básicos subiu em todas as capitais que fazem parte do levantamento. Os maiores percentuais foram observados em Curitiba (16,75%), Florianópolis (15,16%), Natal (14,41%), Recife (13,34%) e Belém (13,18%).
Entre janeiro e novembro de 2021, todas as capitais acumularam alta, com taxas entre 4,44%, em Aracaju, e 18,25%, em Curitiba.
Com base na cesta mais cara que, em novembro, foi a de Florianópolis, o DIEESE estima que o salário mínimo necessário deveria ser equivalente a R$ 5.969,17, o que corresponde a 5,42 vezes o piso nacional vigente, de R$ 1.100,00. O cálculo é feito levando em consideração uma família de quatro pessoas, com dois adultos e duas crianças. Já em outubro, o valor do mínimo necessário deveria ter sido de R$ 5.886,50, ou 5,35 vezes o piso em vigor.
O tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta, em novembro, ficou em 119 horas e 58 minutos (média entre as 17 capitais), maior do que em outubro, quando foi de 118 horas e 45 minutos.
Quando se compara o custo da cesta com o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto referente à Previdência Social (7,5%), verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em novembro, 58,95% (média entre as 17 capitais) do salário mínimo líquido para comprar os alimentos básicos para uma pessoa adulta. Em outubro, o percentual foi de 58,35%.
TABELA 1
Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos
Custo e variação da cesta básica em 17 capitais – Brasil – novembro de 2021
Capital | Valor da cesta | Variação mensal (%) | Porcentagem do Salário Mínimo Líquido | Tempo de trabalho | Variação no ano (%) | Variação em 12 meses (%) |
Florianópolis | 710,53 | 1,40 | 69,83 | 142h07m | 15,43 | 15,16 |
São Paulo | 692,27 | -0,22 | 68,04 | 138h27m | 9,63 | 10,03 |
Porto Alegre | 685,32 | -0,83 | 67,35 | 137h04m | 11,31 | 11,07 |
Vitória | 668,17 | -0,42 | 65,67 | 133h38m | 11,31 | 10,15 |
Rio de Janeiro | 665,60 | -1,22 | 65,42 | 133h07m | 7,17 | 5,71 |
Campo Grande | 645,17 | -1,26 | 63,41 | 129h02m | 11,92 | 9,52 |
Curitiba | 638,96 | -0,15 | 62,80 | 127h47m | 18,25 | 16,75 |
Brasília | 631,95 | -1,88 | 62,11 | 126h23m | 6,78 | 10,36 |
Goiânia | 599,64 | 1,33 | 58,93 | 119h56m | 6,36 | 7,57 |
Belo Horizonte | 594,97 | -0,64 | 58,47 | 118h59m | 4,65 | 7,71 |
Fortaleza | 580,36 | 2,91 | 57,04 | 116h04m | 8,49 | 7,61 |
Belém | 550,64 | 2,27 | 54,12 | 110h08m | 9,93 | 13,18 |
Recife | 524,73 | 8,13 | 51,57 | 104h57m | 11,79 | 13,34 |
Natal | 521,08 | 3,25 | 51,21 | 104h13m | 13,58 | 14,41 |
João Pessoa | 508,91 | 3,62 | 50,02 | 101h47m | 7,10 | 11,89 |
Salvador | 505,94 | 3,76 | 49,72 | 101h11m | 5,61 | 3,65 |
Aracaju | 473,26 | 1,96 | 46,51 | 94h39m | 4,44 | 4,86 |
Fonte: DIEESE
Principais variações dos produtos[1]
- O preço do quilo do café em pó subiu em todas as capitais, com destaque para as variações registradas em Recife (23,63%), Florianópolis (11,94%), Rio de Janeiro (11,39%), Porto Alegre (10,03%) e Curitiba (9,46%). A preocupação com o clima, ou seja, com impactos da geada na safra 2022/2023, repercutiu nos preços do café, tanto no mercado futuro quanto no varejo.
- O preço do quilo do açúcar aumentou em 16 capitais e as altas oscilaram entre 0,51%, em Natal, e 7,24%, em Florianópolis. Em Belo Horizonte, não houve variação. A baixa oferta de açúcar elevou as cotações no varejo.
- O óleo de soja registrou elevação em 16 capitais, entre outubro e novembro. As maiores variações ocorreram em Aracaju (5,64%), Florianópolis (4,19%) e Fortaleza (4,16%). A alta nos preços externos da soja, a maior demanda pelo óleo e a valorização do dólar frente ao real explicaram o aumento do óleo de soja no varejo.
- O preço do feijão recuou em todas as capitais. Para o tipo carioquinha, pesquisado no Norte, Nordeste, Ce ntro-Oeste, em Belo Horizonte e São Paulo, as retrações oscilaram entre -4,97%, em Belo Horizonte, e -0,40%, em Brasília. Já as quedas do preço do feijão preto, pesquisado nas capitais do Sul, em Vitória e no Rio de Janeiro, variaram entre e -3,05%, no Rio de Janeiro, e -0,13%, em Curitiba. Os altos patamares de preço do feijão inibiram a demanda, forçando os valores para baixo. Além disso, a maior oferta, pela colheita do sudoeste de São Paulo, reduziu os preços no varejo.
- O preço do arroz agulhinha diminuiu em 15 capitais; as quedas mais importantes foram registradas no Rio de Janeiro (-5,54%), Aracaju (-4,10%), Salvador (-3,12%) e Brasília (-2,79%). A menor comercialização do arroz, devido à baixa demanda, e a expectativa de estoques elevados do grão resultaram na redução das cotações nas capitais pesquisadas.
- O valor médio do litro do leite integral diminuiu em 13 capitais, com destaque paraas taxas de Vitória (-4,84%), Curitiba (-3,70%), Rio de Janeiro (-3,21%), Belo Horizonte (-3,15%) e Campo Grande (-3,12%). Houve melhora nas pastagens e o período é de elevação de oferta, o que explica as quedas na maior parte das cidades.
- A carne bovina de primeira teve o preço reduzido em 11 capitais. A oferta foi menor, consequência do período de entressafra da carne bovina. Entretanto, no varejo, o movimento foi de redução nas cotações, na maior parte das cidades; pois, além da sanção chinesa à carne brasileira, os altos patamares de preço da carne bovina de primeira inviabilizam o acesso de grande parte das famílias brasileiras. As capitais que tiveram maior recuo nos preços foram Natal (-2,75%), Goiânia (-0,76%) e Campo Grande (-2,19%).
São Paulo – números de novembro de 2021
- Valor da cesta: R$ 692,27.
- Variação mensal: -0,22%.
- Variação no ano: 9,63%.
- Variação em 12 meses: 10,03%.
- Produtos com alta de preço médio em relação a outubro: café em pó (6,35%), batata (4,16%), açúcar refinado (3,57%), farinha de trigo (2,40%), manteiga (2,12%), óleo de soja (1,98%), banana (1,46%) e pão francês (1,03%).
- Produtos com redução do preço médio em relação a outubro: tomate (-6,44%), arroz agulhinha tipo 1 (-2,75%), leite integral (-1,72%), feijão carioquinha (-1,16%) e carne bovina de primeira (-0,23%).
- Jornada necessária para comprar a cesta básica: 138 horas e 27 minutos.
- Percentual do salário mínimo líquido gasto para compra dos produtos da cesta para uma pessoa adulta: 68,04%.
[1] Fontes de consulta: Cepea – Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – Esalq/USP, Unifeijão, Conab – Companhia Nacional de Abastecimento, Embrapa, Agrolink, Globo Rural, artigos diversos em jornais e revistas.
