O novo sujeito

Adalberto Fávero (Beto- 2020/06)

Empreendedor, autônomo, eficaz, consumista e protagonista

Ensaio ll

“Comuns o dia e a noite –comuns a terra e as águas”.

Tua herdade – teu ofício, teu trabalho, tua ocupação.

A sabedoria democrática debaixo de tudo, como base

sólida para todos.” (Walt Whitman)

 

“Burocracia pública, partidos de “democracia

representativa” especialistas estão cada vez mais presos a

camisas de força teóricas e dispositivos práticos dos quais

não conseguem se libertar…desvio soberanista de boa

parte da esquerda ocidental, aumento do ódio xenófobo e

do nacionalismo…” (Pierre Dardot e Chistian Laval)

 

Eu estava na frente do lava-car de um posto de gasolina na Comendador Araújo (Curitiba – As ruas são assim: todas começam por comendador, tenente, coronel, brigadeiro, general, presidente… nunca nome dos ninguéns, dos sem nomes). De máscara e com o celular a ver não sei que notícia, quando se aproximou um morador de rua de meia idade (meia idade? agora tem primeira infância, terceira…), cabelos longos, barba grande e grisalha. Trazia às costas uma bolsa bem arrumada e aparentemente pesada.

– O senhor tem cinco reais para que eu tome um café, disse?

– Cinco não tenho, mas tenho dois, respondi.

Pegou a nota de dois reais e comentou:

– O senhor é gentil, nem todo mundo é. Tem gente que nem me olha. Tenho aqui uns livros que vou ganhando ou achando nos lixos. Gosto de ler romances e outros assuntos.

Então mostrou alguns livros de bolso e mangás.

– Vou lhe dar um de presente. Quer este aqui?

E mostrou um livro sobre a forma de emagrecer rápido. Me achei mais gordo do que já estou e que ele estava sendo atencioso e oportuno mesmo assim.

– Obrigado. Tenho bastante livros e livro é pesado. Se vender depois de ler ajuda no seu café e almoço, comentei.

–Tá certo, disse ele. Vivo assim. Na rua. Lendo ao ar livre, mas às vezes meu sonho é poder comer bem, o que nem sempre consigo.

E se foi, sem olhar para trás.

Fiquei a pensar nos nossos sonhos. Faço parte de um grupo de amigos que cresceram e aprenderam a sonhar com o coletivo, com a igualdade, com a justiça e com os direitos de e para todos. Com eles, com minha esposa e filho e talvez um ou dois parentes (os demais não comungam muito com isso, para dizer pouco), ainda olhamos e buscamos um futuro que seja bom para todos, menos solitário e individualista e onde a coisa pública seja prioridade política. Às vezes acho que sejamos uma espécie em extinção e que o cuidado com o outro foi substituído pela intolerância e ódio ao diferente.

Por essa razão, este me parece um tempo em que seja necessário procurar pegadas das memórias perdidas e suscitar novos caminhos, pois se corre o risco dos pássaros serem impedidos de voar pela privatização “dos céus” e comermos medo no café da manhã, no almoço e no jantar. Existe cada vez mais náufragos que navegantes.

Há perguntas de esperança e de desolação, quando se vive a sensação de impotência no isolamento ou assistindo o tempo de sonhos e grandes ideais desfazendo-se. Como ficar em pé no meio da desolação? Como, se a gente é um passarinho a arrancar as próprias penas?

Em artigo anterior (“O Novo grande Irmão!?”, Ensaio l), busquei trazer à tona elementos da neogestão do Estado e das empresas, bem como a longa e competente constituição do estado empresa; destaquei o aprendizado a que fomos submetidos para achar normal a ideia do empreendedor no lugar do trabalhador e do protagonista no lugar do sujeito; insisti nas formas de controle pelas avaliações de desempenho e os sistemas de gestão informatizados que vigiam, sob a égide da informação funcional; pontuei sobre a transformação dos planos de carreira em avaliação de desempenho e/ou do aprendizado e das instituições de ensino, assumindo o papel de formadoras de indivíduos empresa; enfim e entre outras questões, apontei para o discurso que retira o lugar do trabalhador para colocar em seu lugar o indivíduo empresário que se identifica com a empresa e dela retira sua nova ética relacional produtiva e da realização pessoal funcional.

Neste momento, parece-me importante aprofundar a estrutural mudança tecida nas últimas décadas, e a constituição do novo sujeito, o fim do espaço público, a falência da democracia liberal e o discurso “distraído” (desfocado, às vezes insensato, ou inserido nas regras do sistema) da esquerda e grupos progressistas. Neste ultimo caso, com a ressalva de que se trata de presenças importantes na tessitura de um contradiscurso aos sombrios caminhos oficiais e oficiosos.

Penso que nós do sul estejamos cada vez mais ao sul do sul e precisemos abandonar este estranho costume de sonhar com os olhos no sul e dizer para as pessoas que devam procurar o seu norte.

Trata-se de perceber que, no mundo do neosujeito e da neogestão, não há mais lugar para a solidariedade, para o comum e para a reciprocidade. Agora é exigido sinergia de equipe (fala-se em mindset, teamwork, coaching), na qual se situam empreendedores em concorrência permanente e à espera de sua foto como colaborador do mês. Chama-se isso de adesão ativa dos colaboradores, os quais têm entrega a fazer. Entrega, por sinal, passou a ser substantivo próprio e exigente na cobrança e avaliação dos neogestores que se identificam e representam a empresa.

Perceba-se que não se fala em trabalhador ou sujeito. Somos colaboradores individuais que precisam dar o sangue para a empresa, encarnar a empresa e representá-la como tal. Os direitos são as necessidades da empresa e, por essa razão, não tem mais sentido defender ou se portar como representante dos direitos sociais. Não há mais lugar para as categorias organizadas, pois o cidadão é consumidor↔empreendedor e se basta na realização do gozo absoluto e a todo custo.

O novo sujeito é impreciso, flexível, precário, fluído e sem gravidade. Realiza-se na empresa e como indivíduo empresa e não se referencia no coletivo, pois este espaço não existe mais. Aquilo que representou a coisa pública foi privatizado e deve agir e/ou se portar como empresário de si. Sem isso o indivíduo, a empresa e o estado são incompetentes e inúteis.

Neste sentido, nossos sonhos e lutas antigos pertencem a um estágio anterior das relações sociais, políticas e econômicas. Não tem espaço falar, por exemplo, em sentido da vida para a maioria dos sujeitos e famílias, porque seu sentido é individual e empresarial, A empresa é padrão de sua ética e razão de sua atuação profissional independente.

Por este caminho, sem recuperar o sentido do comum e da coletividade qualquer discurso torna-se inútil. Torna-se discurso bumerangue, que bate e volta sem gerar significados, pois o sujeito e as relações são outras; o cansaço, o desgaste e o stress têm outra razão; o que movimenta as pessoas vem de outro lugar.

O novo sujeito tem características específicas, bem como as relações que estabelece. Por essa razão, importa caracterizá-lo um pouco mais, a ele e a empresa, para que seja possível conhecê-lo e buscar, quem sabe, novos horizontes.

O novo sujeito é um animal produtivo, consumidor e em busca da realização plena de seus desejos. Ser feliz é alcançar o gozo absoluto (no resultado de suas atividades profissionais, nas relações pessoais, no esporte, no sexo…) e a sua realização é ser bem sucedido na empresa. Nesta perspectiva, ele é um empresário de si mesmo, que pretende ser o gestor de sua ação que se confunde com os ideais da empresa e, também, dos pessoais.

Essa postura de homem empresa favorece a concorrência com os demais colaboradores, os quais não representam mais o outro sujeito que me referencia na ação e sim um concorrente na corrida em ser o funcionário do mês, em revelar sua autonomia eficaz ou sua atuação produtiva e empreendedora.

O homem social, relacional e de ideal coletivo morreu, bem como a ética que o sustentava e realizava coletivamente. O referencial ético está na empresa e as avaliações constantes funcionam como uma auditoria permanente e aceita como elemento constituidor de sua ação individual.

Este novo sujeito é dominado pela pressão e risco constantes acerca dos resultados e da entrega exigida, por isso é vítima mais corriqueira do stress, das doenças laborais e da depressão. Trabalha para a empresa como se trabalhasse para si mesmo, seja presencialmente ou home office, e neste último caso não tem hora para atender, responder ou atuar. Trabalha para sua própria eficácia, embora ser empresário de si mesmo seja risco contínuo.

Essa ação individualizada do novo sujeito responde a uma gestão que exige falha zero e eficácia efetiva e permanente. A disciplina pessoal passa a ser parte da racionalidade neo a exigir que o sujeito aja sobre si mesmo para sobreviver à competição. É a racionalidade da empresa que cria o discurso e une as relações em sinergia com os demais em prol do sucesso do interesse empresarial encarnado também pelo indivíduo. Não se trata mais do sonho coletivo por um mundo melhor, pelos direitos sociais ou pelo bem estar comum.

O novo sujeito é uma empresa que se governa e sua ética é pautada por ela e/ou seu sentido de indivíduo empresário de si mesmo. Esse é o empreendedor, cujas características aprendemos lentamente a incorporar e cujo tema tem virado disciplina nas escolas ou passou a ser traduzido pela ideia de protagonismo que substituiu a perspectiva do sujeito histórico e politizado.

A ética da empresa e do sujeito empresário de si tem o teor guerreiro, exaltando a força, o combate, a autonomia, a liberdade e o sucesso como norma de vida. Esta ética conjuga os objetivos individuais e a excelência da funcional. Basta acompanhar os cursos dos motivadores, do sebrae e dos neogestores para verificar tal visão escancarada no dia a dia da formação dos sujeitos. Por este caminho é que se dá o processo de valorização do eu, ou seja, pela profunda integração entre a vida pessoal e profissional em tempos de incerteza e, neste caminho, ele é mão para toda obra. Pela mesma razão, a nova sabedoria nasce da autogeração do empresário de si mesmo.

Ser bem sucedido profissionalmente é ser bem sucedido na vida, por isso, as competências e habilidades de sua ação precisam estar impregnadas no seu dia a dia, serem organizadas nas escolas e formações na/da empresa para que gerem as capacidades pessoais do eu, da sua maneira de agir e do seu cenário de possível sucesso. Nesta trajetória, não importa mais o porquê e sim o como, pois se trata do caminho da realização profissional e pessoal, do sucesso!

Eu diria que a gestão da empresa e do sujeito empresa gera a formatação do corpo e molda a alma, transformando o novo sujeito em capital humano com sentido de autonomia e liberdade, porém sem laços coletivos e “espírito” de classe. Gesta-se o homem responsável e especialista de si mesmo, por isso sujeito às auditorias de si mesmo pelas avaliações de desempenho e pela realização eficaz. Não há lugar para o sentido de coletividade e organização de classe para o novo sujeito! Sobrevivem os mais aptos!

O que se aplica ao sujeito e à empresa é, igualmente, aplicável ao Estado e sua atuação. Deve fazer a gestão empresarial, sem a preocupação com o que é comum ou ser salvaguarda dos que são mais fragilizados ou mesmo das instituições mediadoras. Não lhe cabe cuidar, por exemplo, de uma renda mínima ou da estabilidade de funcionários públicos (melhor que não houvesse), pois defende que toda renda seja incerta e que as relações das empresas e sujeitos empresários se dão pelo caminho da eficácia. Há que se flexibilizar tudo e a ação de todos, inclusive o que se entende por democracia, já que ela deveria ser e possibilitar a liberdade da racionalidade da empresa eficaz.

Não se trata, destaque-se, de falar em Estado mínimo ou ausência de Estado. Na organização neo o Estado existe e é preciso que exista com a função e atuação de empresa, sem o ônus das demandas sociais e/ou do cuidado com o coletivo. O neoestado é empresa, não apenas a serviço do capital. Atingiu um novo estágio no capital e defender as instituições como reguladoras das relações sociais é desnecessário e ineficaz, bem como significa cair na armadilha de que sua estabilidade resolverá ou mediará os problemas coletivos.

A democracia liberal e representativa, a qual sempre foi posse de um grupo, mais que nunca é propriedade dos mais ricos e aptos e capazes de controlar melhor as ações dos colaboradores, pois conseguiu atingir as relações entre os indivíduos, como também o modo de proceder da nova gestão com seus novos sujeitos. Tudo é negócio.

Penso que seja neste contexto neo (sujeito, empresa, gestão e estado) que nos debatemos em atuar conscientemente (ou não!?) ou ainda buscamos sonhar e pensar um mundo mais justo e solidário. Experimentamos uma dificuldade crescente (colorida com forte ódio de classe) dentro de nossas famílias, na relação com ex-amigos, na tentativa de mobilização popular, na crença de que basta ir às ruas que se resolverá a situação e nas falas dos representantes do Estado, que ousam sequer se preocupar em ter a desfaçatez educada da direita anterior um pouco mais comportada.

A maioria do espectro político da esquerda ensaia e reensaia discursos de volta a um passado em que os sonhos sociais existiam, porém dentro das regras da democracia liberal, suas instituições e suas regras. Não me parece que isto ainda seja possível e, embora o debate progressista seja importante, tal discurso é inútil e ineficaz (para usar a palavra do momento). Não há saída pela democracia liberal e representativa. Ela sempre teve dono e, atualmente, insisto, há novos e horrendos senhores que teceram uma nova teia de dominação.

O jogo, arrisco eu a dizer, não está na mera defesa das instituições, no voto, nas organizações tradicionais ou mesmo na pura defesa da constituição. Isso não importa aos novos senhores do poder, pois pisam sobre tudo isso incessantemente, conforme acompanhamos dia após dia.

Sem recuperar a ideia do comum, da coletividade e da reciprocidade não há saída. Se a democracia é valor incontestável, ela precisará ser democracia social e direta, com Estado submetido à coisa pública e ao bem comum. Retomar o lugar do cidadão sujeito e do trabalhador com sua função histórica faz parte desta reinvenção. Há que se tecer novamente uma grande meta/contranarrativa, capaz de reescrever a história dos povos e de cada povo. Não se trata de reconstituir apenas a nossa história passada, pois isto poderia ser saudosismo anacrônico e incapaz de dar resposta a este novo momento histórico. No entanto, recuperar a memória e a história parece-me indispensável para que seja possível a tessitura de uma narrativa que defenda a vida de todos e de cada um. Há barricadas que abrem caminhos!

Lembre-se que a pulga sonha com o cachorro, a seca com a chuva, os desgraçados com a sorte e os ninguéns em deixar a pobreza e poder viver. Os ninguéns são filhos de ninguém e donos de coisa nenhuma; são embora não sejam; morrem sem ter existido… O sistema guarda velhos disfarces, que os mantêm esquecidos, esvazia nossa memória e a entope de lixo para que não sejamos capazes de fazer história.

A atual governança é genocida. Mata sob a aparência educada da adesão a um mundo de graça e luxo na busca da realização e do prazer além do absoluto, pois estes atuais senhores vieram para ensinar medo e chamar de competência a vitória dos mais fortes.

Não se esqueça: há gente que é de onde nasce o sol e gente que é de onde o sol se põe e enquanto a cruz e as armas não deixarem de se abraçar o mundo padecerá de morte.

Há um ditado popular que faz lembrar o lugar em que se pretende que estejamos. Diz ele, que quando os elefantes brigam ou fazem amor quem padece é a grama. Tem sido ensinado demais que é bom ser grama e tem muita gente que gosta, contentando-se com o direito ao resmungo. Por essa razão, talvez, não exista mais necessidade de censura, pois os preços, o desemprego e a fome gera desolação e mata a cidadania; deixa cada vez mais gente à espera da história; secam as rosas e matam as esperanças.

Os senhores do poder que agem em nome da pátria e de Deus, dizem que Deus nos vê e nos ouve. Teria Deus ficado cego e surdo? Seria Deus um ateu? Não se importaria mais com a dor? Tenho certeza que temos deuses diferentes destes senhores, não apenas com nomes diferentes ou com denominações religiosas diversas. Trata-se de outro Deus, libertador dos empobrecidos e esperança dos ninguéns. Por isso, felizes os bêbados que veem este outro Deus duas vezes.

A América nasceu de uma violação e até hoje não se libertou dela. Parece ser urgente recuperar seus amores com a lua; refazer seus cantos com novos cantos; fazer nascer a vida da morte, sem o norte; tecer de novo a história, os sujeitos, o trabalho e a relação com o outro.

Lembro-me, mais uma vez, de Eduardo Galeano (mestre contador de histórias), falando sobre o pecado de Adão e Eva: “Então vieram os equívocos. Eles entenderam queda, onde falei voo. Acharam que um pecado merece castigo, se for original. Eu disse que quem desama peca: entenderam que quem ama peca. Onde anunciei pradaria em festa, entenderam vale de lágrimas. Eu disse que a dor era o sal que dava gosto à aventura humana: entenderam que eu os estava condenando. Ao outorgar-lhes a glória de serem mortais e loucos, entenderam tudo ao contrário, E acreditaram. Ultimamente ando com problemas de insônia. Há alguns milênios custo a dormir. E gosto de dormir, gosto muito, porque quando durmo sonho. Então me transformo em amante ou amanta, me queimo no fogo fugaz dos amores de passagem, sou palhaço, pescador de alto-mar ou cigana adivinhadora da sorte; da árvore proibida devoro até as folhas e bebo e danço e danço até a rolar pelo chão…”

É isto! Desamarrar os grilhões da não-história e tecer o comum, o coletivo, a esperança, uma nova metanarrativa e o sonho! Sem pecado e com afeto, fazer o doce predileto e poder comemorar!

 

 

Bibliografia (Sugestões de Leituras)

Dreifus, R. A Internacional capitalista. Editora Espaço e Tempo,1986, Rio de Janeiro

___________ Época de Perplexidade.Editora Espaço e Tempo,1990, Rio de Janeiro

Dardot, P e Laval, C. A Nova Razão do Mundo, ensaios sobre a sociedade

neoliberal. Ed, Boi Tempo, 2019, São Paulo

——————-Comum, ensaio sobre a revolução no século XXI ED. Boi Tempo, 2017, São Paulo

Castells, .Fim de Milênio. Ed. Paz e Terra, 1999, São Paulo

Piketty, T. O Capital, no século XXI. Ed. Intrínseca Ltda, 2014, Rio de Janeiro

Santos, M.S. e Mesquida, P. As Matilhas de Hobbes. Ed. Metodista, 2014, São Paulo

Galeano, E. Memória do Fogo. L&PM Editores, 2013. Porto Alegre

————- Livro dos Abraço. &PM Editores, 2014, Porto Alegre

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